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Inclusão e soberania alimentar para a comunidade de Campinas

Curso de auxiliar em Agroecologia na modalidade da Educação de Jovens e Adultos é ofertado pelo Câmpus Campinas

  • Publicado: Segunda, 30 de Mai de 2022, 14h47
  • Última atualização em Segunda, 06 de Junho de 2022, 15h48
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Uma iniciativa pioneira promove a educação profissional integrada aos anos finais do ensino fundamental em Agroecologia no Câmpus Campinas do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). A primeira turma em funcionamento é composta por adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular e hoje encontram oportunidade de completar os estudos da Educação Básica e ter uma formação profissional voltada para sistemas de produção agroecológicos articulados à melhoria das condições de Segurança Alimentar e Nutricional.

É o caso de Maycon Alves da Silva, que veio do Mato Grosso do Sul para São Paulo em 2007 e recentemente decidiu retomar os estudos. Ele conta que depois de concluir os estudos do Ensino Fundamental 1 da Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma professora o incentivou a ingressar no curso que também vai lhe conferir uma qualificação profissional. “Pretendo trabalhar com agroecologia ao terminar o curso, tem sido muito bom aprender tanto a teoria como a prática”, afirma ele.

O curso de auxiliar em Agroecologia na modalidade da Educação de Jovens e Adultos é ofertado pelo Câmpus Campinas em parceria com as Secretarias de Educação e de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos do município de Campinas, baseado em um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) celebrado em março de 2021 pela prefeitura e o Instituto.

Estudantes do curso de auxiliar em Agroecologia e a professora Erika Batista
Estudantes do curso de auxiliar em Agroecologia e a professora Erika BatistaEstudantes do curso de auxiliar em Agroecologia e a professora Erika Batista

Porém, o desejo de desenvolvimento de cursos na área já vinham sendo fomentados desde 2019, dentro do IFSP, a partir de convite das Pró-reitorias de Ensino e de Extensão aos Núcleo de Estudos em Agroecologia, Educação e Sociedade (NEAES) do instituto, como relata a professora Erika Batista, que além de coordenadora do curso, é a responsável pelo núcleo de Campinas.

O curso é resultado de um conjunto de ações que vêm sendo desenvolvidas há muitos anos junto a assentamentos em projetos na área de segurança alimentar e sustentabilidade, explica o diretor-geral do Câmpus Campinas, Eberval Oliveira Castro.

“Já ofertamos no passado cursos na área de agroecologia com grande aceitação refletida na demanda. No ano passado, em parceria com a prefeitura de Campinas, o câmpus lançou mão de recursos disponíveis para uma ação específica que resultou no EJA de auxiliar em Agroecologia. Embora com fomento de bolsas, adequar a ação ao público-alvo mostrou-se o principal desafio”, afirma Eberval.

A oferta da primeira turma do curso de auxiliar em Agroecologia em Campinas começou no primeiro semestre deste ano. A turma conta com oito alunos; entre eles, quatro haitianos refugiados no Brasil. Com aulas de segunda a sábado, os estudantes recebem uma bolsa auxílio de R$ 100 pelo IFSP, além de apoio com merenda, material e transporte por meio da Secretaria municipal de Educação, e materiais e insumos para práticas pedagógicas de campo pela Secretaria de Assistência de Campinas.

De segunda a sexta-feira, os estudantes vão ao câmpus para as aulas das disciplinas do Núcleo Estruturante Comum (NEC) da EJA, tais como português, matemática e ciências, com professores da rede municipal. Já no sábado de manhã, é a hora das atividades práticas, com os professores do Núcleo Estruturante Tecnológico (NET), vinculados ao IFSP.

Desafios
A rotina de quem é trabalhador e volta a estudar é “puxada”. Como descreve Maria Rosa dos Santos, estudante, a semana é corrida. Depois de um dia de trabalho, ela volta para casa, cuida dos afazeres domésticos, se arruma e vai para a escola. No sábado de manhã, desperta muito cedo para deixar pronto o almoço da família antes de ir para as aulas de campo. “Mas está valendo a pena! Tenho aprendido muito, tem feito uma grande diferença na minha vida as coisas que estou conhecendo, com tantos professores diferentes, cada dia uma novidade”, revela Maria Rosa com entusiasmo.

Aula no Câmpus Campinas

Os desafios são para quem estuda e também para quem faz o curso acontecer. Por se tratar de uma atividade sem precedente tanto no IFSP como na prefeitura, a professora Erika destaca o fato do curso atuar simultaneamente na integração de duas política públicas: a do Programa Nacional de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissionalizante, em âmbito federal, e a Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, na qual o curso figura como parte das estratégias para redução de insegurança alimentar, com o estabelecimento de hortas comunitárias para fortalecer a agricultura urbana agroecológica em territórios de vulnerabilidade de Campinas.

Lidar também com as diferentes realidades tem proporcionado uma troca de experiências inédita. “O processo de criação da identidade institucional do curso tem se mostrado muito rico, ainda que desafiador, visto que contamos com estudantes estrangeiros que vieram para o curso numa tentativa de aprimorar a língua portuguesa, estudantes de realidades socioeconômicas distintas, além da própria relação entre os Núcleos Estruturantes, que fazem parte de rotinas escolares e dinâmicas pedagógicas pertinentes às instituições a que pertencem”, relata Erika.

Inclusão social e integração
A promoção da segurança alimentar, que é transversal a todas outras políticas, se fortalece quando podemos ter um modelo/sistema de abastecimento alimentar que traz a população como soberana, que tem consciência da escala de produção, de como os alimentos chegam à nossa mesa, defende Mariana Maia, socióloga do departamento de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas.

“Um curso como esse sai das discussões de academia e centros de pesquisa, muitas vezes elitizados, ou de uma visão de que a alimentação orgânica é inacessível. Trazer esse debate da alimentação e da produção agrícola para um curso de EJA, com perspectiva pedagógica, cultural, social e coletiva, permite aos cidadãos terem acesso à discussão do direito humano à alimentação adequada, e todo esse sistema desencadeia uma melhor condição alimentar e de geração de renda”, afirma Mariana.

A integração entre os currículos profissionalizantes e da EJA acontece pelo alinhamento dos conteúdos das ementas dos componentes curriculares, como mostra a professora Rosemeire Dias de Freitas Salatine, da rede municipal de Campinas que atua no Núcleo Estruturante Comum. “O estudante da EJA traz seu conhecimento prévio, sua vivência, sua cultura, e trabalhamos para que nossas práticas educacionais contribuam para a formação integradora desse sujeito da aprendizagem, na construção da autonomia e a inserção social na sua territorialidade”, reitera a professora.

A diversidade de vivências e origens é apontada por Rosemeire como prática inédita de aprendizagem na relação com o outro, no diálogo, na aproximação com o conhecimento do outro, valorizando e respeitando cada cultura e experiência de cada indivíduo desse lugar.

“A Educação Profissional e Tecnológica proporciona aos indivíduos a oportunidade de desenvolver conhecimentos, competências e habilidades para a atuação no mundo do trabalho, para o exercício da cidadania crítica. A interação de alunos e servidores se dá através de processos educacionais estruturados no bom planejamento do ensino”, conclui o diretor, Eberval Oliveira Castro.

Saiba mais sobre o
Conheça o do Câmpus Campinas do Instituto Federal de São Paulo (IFSP)

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